sábado, 11 de dezembro de 2010

Desvendando o enigma da Vírgula!




No meio do caminho, havia uma vírgula. Havia uma vírgula no meio do caminho.

Por acaso você notou que, na primeira oração, há uma vírgula e na segunda, não há?
Por que isso acontece? Qual é, afinal, o enigma da vírgula? Quando usá-la ou não? Que regras são essas?
Pois bem, regras são muitas, mas aqui não trataremos das regras, trataremos da única regra que te fará usar a vírgula corretamente.
Você lembra que há alguns elementos numa frase, que em alguma época remota, aprendemos na escola? Lembra do sujeito, predicado, conjunção, advérbio, blá, blá, blá?
Será extremamente importante que você saiba identificar esses elementos para apreender a regra de ouro sobre a vírgula, ok? Só não será possível revisá-los nesse artigo... pena!

Vamos lá! Imagine que exista um padrão de frase, uma ordem a ser seguida. Observe a frase:

“A mídia noticia um ato violento ocorrido na escola vez por outra.”[‡]

Nesta frase, primeiro, fala-se do sujeito (a mídia), depois, o verbo transitivo (noticia), depois o objeto (um ato violento), depois, uma circunstância de lugar (ocorrido na escola) e por último, uma circunstância de tempo (vez por outra). Esta seria a ordem, seria o padrão. Qualquer adequação da frase que altere essa ordem pediria uma vírgula. Vamos ver um exemplo:

“Vez por outra, a mídia noticia um ato violento ocorrido na escola.”

Note que a circunstância de tempo saiu de seu lugar “padrão”, que seria o final da frase. Em primeiro lugar, falamos do sujeito e das ações desse sujeito, e por último, devem vir as circunstâncias de tempo, lugar, adversidade, em que as coisas acontecem. Seguindo essa ordem, não teremos vírgulas nas frases. Mudando os lugares desses elementos, teremos que colocar a vírgula.

E agora? Descobriu por que, nas duas primeiras frases desse artigo, existe diferença com relação à vírgula?

Claro que, aplicaremos a vírgula, também, quando tivermos repetições de idéias, que é o caso de:

“Nossos jovens não apreendem o sentido de estudar, educar-se, evoluir...”[§], ou então:

“Eu gosto muito de escrever, ouvir música, ler, dançar e assistir filmes.”

E também teremos vírgula quando ditamos algo que seria como um parêntese explicativo na frase e que sem ele, a frase ainda sim, teria algum sentido. É o caso do exemplo a seguir:

“O MEC pretende que estados e municípios possam utilizar os resultados desses exames, que terão adesão voluntária, para selecionar professores.”

O fragmento “que terão adesão voluntária”, na frase original, está separado por ( - ), mas que poderia também, estar separado por um parêntese e, se retirado da frase, ela continuaria inteligível para o leitor.

Bom, o universo da vírgula, realmente, é vasto, cheio de pormenores. E muitos, ainda, fazem confusão de quando aplicar o uso da vírgula ou do ponto e vírgula. Certamente que, o exercício constante de ler pode clarear essa adequação no uso da pontuação. Mas espero ter dado uma dica prática de uso da vírgula, pois grande é o número de pessoas que, ainda, não a aplicam corretamente, mesmo tendo uma riqueza de expressões, vocabulário vasto e escrita polida.

Até breve, amigos!


[‡] Retirado do artigo do Prof. Dr. Chico Viana (Doutor em Teoria da Literatura pela UFRJ) publicado na revista “Conhecimento Prático / Língua Portuguesa” nº 26, intitulado Violência na escola
[§] Idem

sábado, 13 de novembro de 2010

Ciranda de Poesia de Encerramento de 2010

Segue o convite da Ciranda de Poesia de novembro, dia 24 às 19:30. Esta será a última Ciranda de Poesia do ano de 2010, onde os poetas e escritores estarão reunidos em uma grande festa de confraternização. Você é nosso convidado especial para brindar a poesia nesta linda noite! - Cia de Cultura Bola de Meia - Rua Porto Príncipe, 40, Vila rubi, São José dos Campos/ SP www.ciabolademeia.org.br

A Literatura Enquanto Arte

"Isto não é um cachimbo" - René Magritte (1928)

Hoje, quero falar da Literatura enquanto um objeto de arte, com propriedades estéticas.
Recorrentemente, se vê por aí uma tentativa de aplicar obras literárias para a apreensão de valores e resultados pedagógicos; certamente que a Literatura pode abarcar esses recursos, mas ela em si, é uma arte e enquanto tal, não possui uma finalidade pragmática e deve ser respeitada em sua inútil utilidade do belo.
Por exemplo, é desrespeitoso por parte de alguns professores, utlilizarem-se de clássicos literários apenas para deles retirarem elementos gramaticais ou ainda, elementos para a formação psico-pedagógica.
E na Literatura enquanto arte, devemos deixar vir à tona a questão: o que qualifica uma obra como sendo arte? A concepção de arte de quem a criou ou o vislumbre do expectador? Penso que seja uma via de mão dupla. O que qualifica a arte é a concepção criadora e a mente/coração que a aprecia. É tudo um único movimento. E o é ainda mais na Literatura. De forma que, a Literatura enquanto área do saber específica, não deve ser compreendida como um retrato fiel da realidade e sim um universo de possibilidades que muitas vezes não possuem conexão alguma com a realidade.
Tratar das possibilidades irreais, atemporais e sobrenaturais é o que faz com que a Literatura tenha o poder de recriar o mundo e não seja reduzida apenas a subsídios para que você retire do texto o sujeito, o predicado ou o objeto qualquer de seu encargo.
            As possibilidades de imagens a partir de um texto e a possibilidade de sentido a partir de imagens é o que podemos denominar de signos. E é sobre essa “traição” das imagens que René Magritte quer falar na pintura “Isto não é um cachimbo”(1928). E note que até mesmo para falar em negação da imagem ou do que ela representa, estamos na dependência do conceito de percepção do outro, logo, a arte é uma via de mão dupla. É piano à quatro mãos.

Giselle Lourenço

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Academia Joseense de Letras – Os Novos Imortais


Academia Joseense de Letras – Os Novos Imortais


Nesta segunda, 25 de outubro, São José dos Campos contou com um marco histórico para a cultura da cidade: a reativação da Academia Joseense de Letras.
Desativada há mais de duas décadas, a Academia agora revive e demonstra um grande movimento cultural no âmbito da literatura em nossa região.
Dentre os membros, um dos idealizadores da Academia e membro da primeira formação, o advogado e escritor Mário Ottoboni falou sobre a importância da consolidação do cenário literário na cidade e da dedicação de todos os membros que agora a compõem.
O evento ocorreu no Espaço Cultural Cine Santana, dentro da programação da Semana Cultural Cassiano Ricardo.
O objetivo da Academia de Letras é valorizar e incentivar a literatura na cidade, resgatando antigos escritores e incentivando novos – conforme consta em registro.
Também estão entre os membros da Academia de Letras o Poeta Braga Barros (educador, escritor e jornalista, com seis livros publicados, diversas coletâneas e quatro peças teatrais de sua autoria, além de ser o produtor executivo da Ciranda de Poesia que acontece mensalmente na Cia Cultural Bola de Meia) e também a poetisa Rita Elisa Seda (jornalista, cronista, biógrafa e membro da UBE – União Brasileira de Escritores).
O Quarteto de Cordas da FCCR homenageia a Academia de Letras com Mozart

Giselle Lourenço com Rita Elisa Seda (escritora, poetisa, jornalista, biógrafa e membro da Academia Joseense de Letras)      
 Os imortais, ainda, receberam a homenagem do Quarteto de Cordas da Fundação Cassiano Ricardo, com um repertório belíssimo de Mozart.

Texto: Giselle Lourenço

sábado, 23 de outubro de 2010

O dia do Poeta

Da esquerda para a direita: Poeta Moraes - homenageado na Ciranda de Poesia, Giselle Lourenço, Poeta Braga Barros (membro da Academia Joseense de Letras) e Paulo Henrique

O dia do Poeta
Por Giselle Lourenço
O dia do poeta já passou. Foi ele no dia 20 de outubro. Mas que falo eu? Tamanho absurdo! O dia do poeta é hoje, foi ontem, será amanhã e daqui uns três dias, também será. O poeta tem seu dia todo dia. O poeta não conta o tempo, não conta o espaço, recria a vida, desata os nós dos sapatos, das gargantas, e desata nós. Desata-nos. Nos desata, nos desvela, nos revela. O poeta tem um rumo: é a linha do horizonte. Quanto mais anda, mais ao longe vê chegar seu destino de partida, mais de perto vê afastar sua chegada nessa vida. É assim, poetizando em despalavras, dez palavras, cinco ou duas. Quantas forem, só importa recriar o sentido e fazer sentir de novo. É a vida que não se esvai...
E no último dia 20, comemoramos o dia do Poeta em nossa Ciranda de Poesia. Foi uma festa que só a poesia pode promover. Foi a recriação da vida e todos se embebedaram de poesia. O homenageado da noite foi o Poeta Moraes – o dono do “Panfletário”, que há mais de vinte anos é distribuído pelas ruas de São José dos Campos. Sua marca: a poesia ácida, ardida. Bem politizado, o professor de história contou “causos” que transcendem a história. E no mais, é difícil explicar os propósitos de um poeta. Nas palavras do próprio Moraes, o poeta é aquele que trabalha com o que há de mais requintado na linguagem e que por isso, toca a vida com os cinco sentidos, num despertar incomum, pois a sociedade é anestesiada. E por isso, a importância do poeta: porque ele anuncia, denuncia, vê além. O poeta acorda o mundo. Os que gostam de submeter não gostam muito dos poetas, porque o poeta é alguém que retira da existência o sentido dela própria e desfaz a redoma que envolve o mundo no torpor da mediocridade.
Procurei um poema que pudesse expressar tudo isso em breves linhas, mas são tantos! Resolvi deixar aqui o escrito do xará de nosso mediador Braga Barros – um poema de Manoel Barros. Acho que os Barros são Barros porque podem remodelar o tempo todo...

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que era o mesmo que
Catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
(...)
Com o tempo aquele menino
Que era cismado e esquisito
Porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar
água na peneira.
No escrever o menino viu
Que era capaz de ser
Noviça, monge ou mendigo
Ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o voo de um pássaro
Botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar uma tarde botando chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda
Você vai encher os
vazios com as suas
Peraltagens
E algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

- A Ciranda de Poesia acontece mensalmente na Cia Cultural Bola de Meia

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tropa de Elite – A máxima competência do cinema brasileiro


 Por Giselle Lourenço

Na última semana, o Brasil assistiu a um show de cinema com Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora É Outro. A direção de José Padilha deixa evidente a densidade da atual situação em que vivemos, ou seja, que “o sistema é foda” – última fala no filme.
Imagino também que José Padilha só pode ser alguém de muito bom humor, pois a piada inicial no filme é bem engraçada: “trata-se de uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é coincidência...” Na verdade, penso que a única obra de ficção no filme seja mesmo o mito “Capitão Nascimento”. Talvez, Capitão Nascimento seja, em um só personagem, uma reunião de desejo de justiça de todos nós que vivemos à mercê dos três poderes nacionais: políticos, milícia e traficantes. Convenhamos, faz tempo que os três poderes deixaram de ser aqueles que aprendemos na escola, não? Alguém aí lembra do que fazem o executivo, legislativo e judiciário?
Claro que é comovente perceber que, quando o Capitão se dá conta, descobre que sempre trabalhou para o sistema, mesmo quando achava que não, ao invadir favelas e “pegar geral” abrindo trincheiras para a milícia. Pois é, minha gente, em épocas de eleição, sinto muito dizer, mas de fato, “o sistema é foda”!
Muito bem ressaltado no longa é a posição do personagem Fraga, o intelectual de esquerda, pois era ele quem conseguia manter a visão geral da situação, tanto da parte política quanto do que acontecia entre comunidade e policiais corruptos. A visão ampla do personagem sobre a disputa de poder demonstra bem o que pode alguém que, a partir da observância da realidade à sua volta, reestruturar alguns valores éticos perdidos. O personagem Fraga é intelectual, mas não é um teórico. É um político inserido, não de gabinete, mas daqueles que percebem a vida encarnada e a realidade ao seu redor.
O filme ainda deixa entrever algumas dicas de segurança pessoal, coisas simples que muitos agentes de segurança procuram repassar mas que, nem sempre funcionam: basta lembrar da cena em que o filho de Nascimento recebe o telefonema do pai – o registro está feito em seu celular com o nome do pai e não com a palavra “pai”. Muitos ainda mantém em seus celulares os registros como: mãe, pai, casa... Sabemos que isso não é seguro.
O filme poderia terminar com a imagem de Brasília e com a célebre frase que já foi por mim citada duas vezes acima. Mas isso seria demais pra nós, certo? A cena final em que, o entreabrir os olhos em recuperação na UTI, o filho de Nascimento reveste o pai de esperança, também nós podemos ficar com a mensagem do roteirista de que nem tudo está perdido. Se existe algum Capitão Nascimento, com valores e código de honra, não fascista e determinado a combater o poder público que no Brasil é caótico, que venha esse herói nacional! O nó na garganta de saber que custeamos todo “esquema” tem que ser desfeito com essa imagem de que nem tudo está perdido.
Pra quem não gosta de assistir a sangrias e violência, Tropa de Elite 2 é bem mais que isso, apesar das cenas mais rudes. É um filme complexo, que mostra a interligação das coisas, a complexidade da vida e a importância de se olhar ao redor. Enfim, com a reveladora atuação de Seu Jorge, Tropa de Elite vem sagrar de uma vez por todas o conteúdo e a super produção do cinema brasileiro.

Reabertura da Academia Joseense de Letras - veja também em http://mesadopoeta.blogspot.com

Braga Barros será membro da Academia Joseense de Letras

O poeta Paraisopolitano José Antonio Braga Barros, colunista do TEM, será empossado membro da Academia Joseense de Letras, em São José dos Campos, no dia 25 de outubro. O convite partiu do membro efetivo e mais antigo dos acadêmicos, Mário Ottoboni, que inaugura a nova fase e a reativação da Academia após 30 anos de desativação.
Para Braga Barros, como é conhecido, o convite foi "uma honra", pois para ele o que o escritor deseja é ser conhecido, lido, discutido, se possível amado.
Braga Barros, que se casou no ano da criação dqa Academia, em 1980, já desenvolvia sua vida profissional em São José dos Campos, sempre dedicada à Educação e à Poesia, como uma modo de existência e de resistência.
"Recebo este convite como um fechamento de um ciclo e a abertura de novas oportunidades. Estou às vésperas de minha aposentadoria. Ofereço esta honra de participar da Academia Joseense de Letras a todos meus colegas professores que dedicam aa suas vidas à causa da Educação. Participo desta Academia levando comigo os poetas de Paraisópiolis, não como representante deles, mas como admirador, levo a poesia do sangue de meus familiares que tanto amam a leitura, a escrita, os estudos, o conhecimento e, sobretudo, a vida.
Sem demagogia, dedico esta honra de participar da Academia Joseense de Letras às crianças e jovens do Brasil, que por falta de oportunidade, são condenados à marginalidade e ao não desenvolvimento de suas capacidades e talentos.

Sobretudo, ofereço esta honraria à minha esposa Sueli pela convivência de mais de trinta anos juntos e de aceitar construir nossas vidas entre livros, jornais, revistas e, ainda passar estes hábitos e gostos para nossos filhos.

Sinceramente, recebo este convite não como um prêmio, mas como um compromisso de dedicar ainda mais minha vida no desenvolvimento desta capacidade de ler, escrever e comunicar com as pessoas através da palavra.

Aproveito esta oportunidade para convidar todos os meus amigos e familiares para esta importante cerimônia que acontecerá no dia 25 de outubro, no Cine Santana, Avenida Rui Barbosa, bairro de Santana, em São José dos Campos, às 20 horas".

(matéria publicada no Jornal TEM, em Paraisópolis, 08 a 15 de outubro de 2010).

  José Antonio Braga Barros

Obs: Braga Barros é o mediador e produtor executivo da Ciranda de Poesia, que acontece mensalmente na Cia Cultural Bola de Meia em São José dos Campos

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um desabafo!

Um clamor contra a imbecilidade no Brasil

Por Giselle Lourenço

Ano de 2010, em vésperas de eleições.

Escrever textos permeados de valores éticos e ideologias humanitárias nunca foi muito a minha praia. Escrevo sempre valendo-me da licença poética e apenas a poesia me basta.
Mas hoje, confesso que senti mais que um apelo interior em dizer algo sobre o comportamento imbecilizado de tantos brasileiros. Nunca senti tanto incômodo ao receber mensagens de internet com deboches em forma de montagens de alguns candidatos. O recorde dessas mediocridade deu-se em montagens e caricaturas de Dilma e Lula, muitas delas acompanhadas de textos cretinos que atestam a incapacidade brasileira de produzir argumentos ou contra argumentos sobre gestões de governo – porque se não temos argumentos ou reflexão crítica, lançamos mão do apelo às ofensas e sarcasmo.
De fato, nunca achei tão difícil escolher um candidato como nessas eleições de 2010. Não sou de direita, não sou da oposição – gosto do equilíbrio das coisas e tenho a absoluta certeza de que comportamentos extremistas sempre foram a alavanca, o fio condutor das maiores catástrofes da história da humanidade. Não sou defensora do Lula, não defendo a Dilma e acho que ser cidadão politizado é mais que uma arte. Escrever poesia é muito mais fácil. Politizar-se requer um olhar para fora de si, um movimento em direção ao outro e aos outros; politizar-se exige um interesse para além do próprio umbigo. Com isso, deduzo que a maioria dos brasileiros ainda não é politizada. E a minha revolta é, justamente, contra a imbecilidade dessa gente: gente que não sabe mas que pensa que sabe – são os piores!
Vejamos: quantos dos remetentes de tais mensagens de zombaria de políticos que realmente sabem o que estão “dizendo” ou reproduzindo? Quantos dos que encaminham tais mensagens já se interessaram verdadeiramente em acompanhar a vida desse ou daquele político? Quantos desses que encaminham e-mails antiéticos zombando de políticos que realmente se interessam por ler os currículos dos mesmos, em pesquisar a história militante de cada um, em ler os planos de governo e procurar saber de onde vieram as inspirações para tais planos, antes mesmo de questionar quais serão os principais favorecidos?
Quando falta embasamento, pensamento crítico e capacidade de raciocínio desdobrável, a imbecilidade inerente a cada um faz recorrer às agressões morais. De que me inporta saber que um político tem traços que lembram macaco, ET, Papai Noel? Se a estética é o mais novo critério para o futuro eleito, então, por favor, não votem no Tiririca! Mas sim, votem nas mulheres pêra, melancia, abacaxi, abobrinha... Essas não tem cara de avatar ou de macaco; tem peitos e bundas o bastante para que seu filho cresça sabendo que no país do carnaval é isso – e só – o que importa! Ora, do que interessa caricaturar alguém? Se queremos criticar, saiamos da imbecilidade e contra argumentemos melhor as coisas.
Queremos respeito de nossos governantes, mas não respeitamos moralmente a imagem humana. Queremos o direito e o respeito às opções sexuais, mas usamos da crítica pela opção sexual de alguém para julgar se ele é bom ou mau. Queremos liberdade de crença, de expressão, direito de ir e vir, mas agimos feito idiotas cerceando o direito de expressão daquele que nós próprios elegemos para nos representar em qualquer nível.
Muitos poderão dizer que a autora desse artigo, pouco experiente, não sabe o que escreve, ou que está imersa em aspirações utópicas. De fato, a política no Brasil virou um grande circo e não estou alienada dos últimos fatos, mas isso não nos dá o direito de também agirmos como palhaços. E eu não vou sacrificar alguns políticos nos quais acredito em detrimento de outros carreiristas de governo. Prefiro não me entregar à inércia; prefiro sair a garimpar, caçar gente de boa vontade. Prefiro isso a agir como alguém desprovido de cérebro, caricaturando imagens e fotografias de políticos, ou pior ainda, reproduzindo isso. Falamos de direitos humanos, mas os violentamos solenemente!
Essas linhas guardarei comigo para lê-las nas próximas eleições. Elas serão o meu termômetro para medir a evolução ou retrocesso da mentalidade que me rodeia. Oxalá daqui uns anos, eu receba menos e-mails com conteúdos desse tipo.
Escrevo sempre para mim e para alguns de meus leitores assíduos. Nunca pedi para que disseminassem meus textos. Mas essas linhas, clamo que me ajudem a divulgar num pequeno manifesto contra a imbecilidade de uma nação. “Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: ou ficar a pátria livre...”- Fiquemos livres, já que ninguém morrerá pelo Brasil. Mas fiquemos livres de fato! Livres de mediocridade das ações de ofensas éticas e morais. Tão deplorável quanto a miséria do corpo (aquela que carece de pão, de água e dignidade) é a miséria da alma. Façamos a nossa parte, pois mais tolo ainda é quem pensa que somente uma eleição pode mudar um país.
Brava gente brasileira, pode ainda ser mais brava!


Giselle Lourenço cursou teologia na Faculdade Dehoniana de Taubaté, é palestrante de cristologia na Diocese de São José dos Campos, poetisa e escritora com artigos publicados em sites e revistas de circulação no Vale do Paraíba.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ciranda de Poesia


Ciranda de Poesia com Pablo Neruda
Delcimar de Oliveira Cunha
Psicopedagoga e Coaching com doutorado em
Psicologia da Educação PUC/SP
Dedicada aos estudos biográficos
Fundamentados na Teoria do Desemvolvimento Humano
da Antroposofia
Apresenta a História de Vida do Poeta Chileno
PABLO NERUDA
Dia 29 de Setembro - Quarta-feira - 19h30
No Ponto de Cultura Bola de Meia
Rua Porto Príncipe, 40 - Vila Rubi
São José dos Campos
Você é nosso convidado!
Pode trazer todo mundo!
 

domingo, 12 de setembro de 2010

Doutorando alemão em visita ao Brasil

Johann Wendel é doutorando alemão e pesquisador na área de línguas e novas tecnologias em educação; também é coordenador do intercâmbio cultural entre adolescentes do projeto "Janelas Para o Mundo", projeto este que tem como proposta facilitar o acesso à informação, ampliar as possibilidades de comunicação e oportunizar aos estudantes envolvidos um intercâmbio cultural. Em sua visita recente ao Brasil, ele nos perguntou qual seria o significado da expressão "uai sô", que acabou encontrando em um texto de um dos alunos do Ponto de Cultura Bola de Meia em São José dos Campos.
Sem muito tempo pra recorrer a métodos, livros, etc, tentei dar uma breve explicação ao doutorando e foi isso que saiu:

"Uai, sô" é uma expressão que até mesmo para a língua portuguesa encontramos dificuldades para traduzir.

Uai - corresponderia à palavra "então" (no caso de a expressão aparecer no início de uma frase), e corresponderia à palavra "óbvio, claro" (no caso de a expressão aparecer no final de uma frase, ou de uma fala). No inglês, corresponderia a "so, by the way" no início de uma frase, o no final da frase, corresponderia a "of course, that´s great".

Sô - tem origem no pronome de tratamento "senhor", tendo sido usado como uma forma contrata para esta palavra.

Então, se a expressão "uai, sô" aparece no início de uma frase, ela significa - "então, pessoa" / "a propósito, pessoa", e se essa mesma expressão estiver no final da frase, ela significa - "você não concorda?" / "não é claro pra você" / "mas é óbvio!"

Vale dizer que na literatura portuguesa, mais especificamente na brasileira, quando essa expressão aparece em poemas, redações, contos, etc, ela quer remeter o leitor à uma realidade de pessoas extremamente caipiras, pessoas da roça, pessoas muito simples com jeito de falar mais simples ainda, pois essa expressão não retrata uma região, retrata a simplicidade de uma conversa, retrata o dialeto de pessoas mais rudes. A região de onde a expressão é originada é Minas Gerais, mas não retrara o dialeto mineiro, pois em muitos lugares de Minas Gerais, não mais se fala essa expressão. E não faz parte da estrutura formal do idioma; irá aparecer mais vezes em contos, mais frequentemente, contos que relatam conversas de pessoas que conversam no campo, na roça, histórias ambientadas pitorescamente em ares caipiras, no melhor dos sentidos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Você sabe qual a origem da palavra HERMÉTICA?


Eu não sabia. Outro dia, estudando um pouco sobre mitologia grega - assunto este que me desperta muitíssimo interesse devido à criatividade artística das representações e simbolismos - soube de onde advira a palavra. 

Para as civilizações gregas antigas, o deus Mercúrio era o deus da ciência. Toda sabedoria estava nele contida. Em Roma, o deus Mercúrio era conhecido como Hermes, o mensageiro do Olimpo. Nas escolas das antigas civilizações, a sabedoria de Hermes era passada apenas de "boca a ouvido" e quem a recebia fazia juramento de silêncio. Acredita-se que era assim que se passava, desde os primórdios, os princípios da Alquimia, a arte de produzir o ouro. Essas escolas, cujos sistemas de transmissão deveria ser fechado, eram as escolas herméticas (que recebiam a sabedoria de Hermes). Daí o nome "hermético" para designar algo extremamente fechado, sem brechas para passagem de nada; nada entra e nada sai. 
É muito comum vermos a palavra "hermética" em tampas de vasilhames ou garrafas térmicas, onde a passagem do líquido não deve ocorrer. 
Outro termo que advem de Hermes é a palavra "hermenêutica". Essa palavra é consideravelmente utilizada no estudo da Teologia, onde então vai significar a extração do conteúdo de mensagem verdadeira ou o mais próximo possível da verdade, sem dissonâncias. Quando se faz uma hermenêutica bíblica, por exemplo, se situa no contexto referido para que seja extraído aquilo que o autor queria de fato passar ao escrever determinado texto.
Enfim, agora já sabemos que tudo que é de Hermes designará em sabedoria, proximidade com a verdade, selado, guardado a sete chaves.
Giselle Lourenço

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Livro de Celio Turino - O Brasil de baixo para cima

Lançamento: Ponto de Cultura Resenha por Leonardo Brant
Demorei um pouco para resenhar o livro “Ponto de Cultura, o Brasil de baixo para cima”, do ex-secretário de cidadania cultural do MinC, Celio Turino, que colocou de pé o programa mais inovador das políticas culturais brasileiras, o Cultura Viva. O livro está sendo lançado em todo o Brasil e pode ser adquirido em versão impressa ou digital. Trata-se de um dos depoimentos mais importantes da história recente da política cultural brasileira. Primeiro pela qualidade das reflexões e da abordagem prático-teórica, algo difícil nos dias de hoje. Depois pela humildade com que trata as questões mais difíceis que o próprio Turino enfrentou e o programa enfrenta até hoje.
Dificuldade, aliás, é o que não falta para quem pretende enfrentar estruturas precárias, orçamentos inexistentes e a falta de institucionalização das políticas de cultura. Turino nos conta como enfrentou essas questões fazendo, enquanto implementava o programa e colocava de pé o mais importante legado do governo Lula para a cultura.
Tive o privilégio de trabalhar ao lado de Celio Turino e dar a minha contribuição ao processo de desenvolvimento do programa Cultura Viva, que conta agora com essa espécie de guia para o longo caminho que ainda há de percorrer, pelas periferias, grotões e pontos energéticos deste Brasil, visto de baixo para cima.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vídeo realizado pelo Núcleo de Áudio Visual do Ponto de Cultura Bola de Meia.


Coordenação: Lucas Baumgratz.
Diretor: Daniel Raña
Fotografia: Ana Clara Noronha e Barbara Graves
Direção de arte: Marília Sales Martins
Produção/Assistente de direção: Camila Rocha
Som direto: Lucas Baumgratz
Ator: Moacyr Baumgratz
Música: Celso Pan

Causo popular retirado do livro Cultura Popular do Vale do Paraiba, de Jacqueline Baumgratz.

domingo, 15 de agosto de 2010

A abrangência da arte


Não há espaço para a ortodoxia na arte.
Ou é arte, ou é forma.


A forma gera repetição,
a arte gera inspiração.


Da repetição nasce a imbecilidade,
da inspiração, a criatividade.


A imbecilidade favorece a autocracia,
a criatividade, a diplomacia.


A autocracia extermina a gente,
a diplomacia engrandece a mente.


A gente não pensou qual forma usar,
a mente desinformou o mundo, desenformou do absurdo,
formou a liberdade que mostrou a infinitude do que outrora era apenas doxo...


E assim vou eu, 
em forma, fora da forma, no exercício de pensar.
Sem repetir, sem anarquir,
Vou ifinitando, diferente daquilo que me falaram pra repetir...
- Giselle Lourenço



terça-feira, 10 de agosto de 2010

A obra de arte - por Giselle Lourenço

Aprimorei minha fé e resolvi prestar culto à imaginação. A cada música, minha alma liberta; a cada pausa, meu espírito eleva; a cada acorde, corre solta minha paz... Já não sei onde começa meu coração e onde a música termina... fundiram-se em vidas, corpos e fruto, música, poesia, fé e amor. E hoje amigos, resolvi procurar na bíblia quantas vezes há menção da música... desconfio que na lista de sinônimos, ela o seja de céu. 
De fato, gosto musical não se discute. Mas a obra de arte deve ficar no lugar dela, ou seja, exposta! Ei-la: a sentença de misericórdia!



segunda-feira, 12 de julho de 2010

"O pecado do mundo é a hipocrisia" 
(Paulo Henrique - Filósofo)

sábado, 10 de julho de 2010

Poesia autoral - Para Paulo...

Dizem que os poetas amam intensamente... Eu não sou diferente. Dedico este poema ao meu amor...


A poesia estava bem aqui
nuvens escuras levaram cada palavra
restou apenas uma:
chuva!

Traga teu céu,
pois o meu
já molhou o papel

Seu amor trouxe o sol
me esquentou, e o poema voltou

Flor de liz,
som de flauta
vou de giz
e sem pauta

Sou errante no seu coração
sei que nele qualquer caminho
só trará redenção

Mergulhei nas palavras e o amor me escolheu
seu sorriso é o céu que a vida me deu...

Giselle Lourenço

ESTE É UM RECADO DE PAULO COELHO ENVIADO A NÓS, SEUS LEITORES, QUE REPASSO A QUEM POSSA INTERESSAR...

domingo, 4 de julho de 2010

O mau cheiro

Um poeta disse que a burguesia fede,
Outro poeta, que a pobreza fede,
E eu aqui, não sentindo cheiro algum
porque as mãos que governam o povo
insistem em tapar o meu nariz.

Que o mau cheiro venha libertar-me!
Pois prefiro sofrer cheirando
do que "cagar andando"...

Giselle Lourenço

terça-feira, 22 de junho de 2010

Fazendo estória

Olá pessoal! Vamos brincar? O "Fazendo estória" nos permite criar estorinhas em grupo. A brincadeira consiste em dar continuidade ao conto e o critério é que cada postagem tenha apenas três palavras. Eu começo aqui, e a partir de então, cada um continua postando três palavras. Deixem-nas como comentários que eu insiro no campo da redação. Vamos ver onde vai parar nosso conto e quantos dias ele levará pra ficar pronto. O título, daremos quando for concluído, certo? Então vamos lá!

Giselle: Hoje fui comprar
Paulo Henrique: milho de pipoca,
Professora Helen: mas quando cheguei
Prof. Braga Barros: no mercadinho perto
Paulo Henrique: do bar do
Pri: Zé Migué Triste,
Simony: não tinha mais.
Paulo Henrique:  Então, pensei comigo:
Pri: "Ali na frente
Pri: da casa amarela,
Paulo Henrique: mora a Dona
Giselle: Sofia; quem sabe
Paulo Henrique: tenha um pouco
Vanessa: de milho de pipoca

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Irmãos da Lua - Renato Teixeira


Fico a pensar como a música pode nos valer de subsídio para tantas coisas. Uma bela letra vale por uma boa oração, uma grande reflexão e por que não dizer, a boa letra é capaz de dinamizar uma maiêutica histórica na alma, o que nos pode trazer respostas inesperadas para situações desesperadas.
O cenário de compositores no Brasil hoje, é uma penumbra. Temos muitos talentos, muitos escritores sagrados – aprendi em Teologia que o escritor sagrado é aquele que empresta sua mão para promover uma parceria com o divino. A composição é feita em dupla, criador e criatura no mesmo compasso, com as rédeas da caneta na mão, um respeitando o outro, e ninguém se sobrepondo a ninguém, cada qual com sua liberdade que lhe é própria, expressando humanamente aquilo que se prefere acreditar, porque traduz o conteúdo que é capaz de libertar a alma da prisão da não expressão. Os gritos ecoam num dueto, na grafia, entrelinhas testamentárias, sejam novos, sejam velhos, mas sempre sendo par.
E desses cantos do Brasil, surgem encantos de cantar. O escritor sagrado está em vários lugares. Mas é preciso olhar de cego que vê além. É preciso garimpar. A mídia de massa não nos mostra o que é a letra bela. Vale a rima que afunda, vale tudo se o assunto é bunda. E por osmose se aprende o que nada se fala. Não tem história, não tem cor, não tem versos e sobra barulho. Falta espaço, falta poeta, falta vazio pra música boa preencher. Tudo preenchido de nada adquirido. Barulho, barulho, barulho... Ninguém ouve os autores sagrados que temos na nossa terra... nossa terra, a mesma que tem palmeiras, que ninguém sabe onde foram parar. A mesma que tem sabiá, que do canto ninguém conhece o som.
Vou garimpando, te convido a vir comigo. Vez ou outra, encontramos um sagrado autor querido.
E aqui, segue uma letra, que podemos sim rezar. Se não reza, apenas ouça, leia, brinque, veja como vale à pena garimpar.
Empresto-te minha peneira. Peneirando vamos, ouro puro! Jóia rara, esse cara, Renato Teixeira, é ele que agora vai falar.

Música: Irmãos da Lua
Compositor: Renato Teixeira
Intérprete: Renato Teixeira

Texto: Giselle Lourenço


Somos todos irmãos da lua
Moramos na mesma rua
Bebemos do mesmo copo
A mesma bebida crua
O caminho já não é novo
Com ele é que passa o povo
Farinha do mesmo saco
Galinha do mesmo ovo
Mas nada é melhor, que a água
E a terra é a mãe de todos
O ar é que toca o homem
E o homem maneja o fogo
E o homem possui a fala
E a fala edifica o canto
E o canto repousa a alma
Pra alma depende a calma
E a calma é irmã do simples
E o simples resolve tudo
Mas tudo na vida às vezes
Consiste em não se ver nada


sexta-feira, 18 de junho de 2010

O imortal morre no final - Morre Saramago


Tem dias que o imortal morre. Tem infinitos em que o segundo dura muito.
Desconexos, versos órfãos, orientação para lugar algum.
Sem respiro, só suspiro, sem parar pra não estar.
No inverno, foi eterno, o não saber e sem falar.
Pelos ares, vão sem pares, rimas tortas, me embalar.
Foi assim pra todo aquele que de ler pôde olhar.
Versos postos, sem reforços, já foi lido o seu cantar.
Seus ensaios, sejam atos, o meu péssimo, seu melhor.
Posto isso, apenas morre, Saramago, o maior.

Giselle Lourenço

Morreu hoje, 18/06/2010, José Saramago, um dos maiores ícones da literatura portuguesa e um grande poeta, e como poeta não morre...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Descobrindo a trama


Descobri a beleza do amor observando o ódio que há a minha volta; descobri a beleza da verdade observando a pequenez da mentira que nos envolve; descobri a beleza da lealdade observando a mediocriedade dos traidores; descobri a dignidade da criatividade observando a mesquinhez da imitação; descobri a importância da fidalguia e da elegância observando a falta de diplomacia que arrasta os pequenos do nada para lugar algum; descobri a sublimidade da poesia observando a inércia das almas letradas que não sabem escrever. (Giselle Lourenço)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Por que o sapo vira Príncipe?


Pensando cá com meus botões...
Qual seria a representação social do sapo que vira príncipe nas histórias de princesa?
Penso eu que o sapo representa um cidadão qualquer que não é da nobreza, talvez até pobre. Mas ao receber o amor da princesa ele deixa essa situação e passa a ser um rei em potencial, um príncipe. O beijo da princesa representa o selo, o casamento que confere ao sapo o poder de príncipe, livrando-o da mascara social de não nobre, sapo.

- Paulo Henrique é Filósofo e trabalha com cultura digital da Cia Bola de Meia www.ciabolademeia.org.br , além de ser meu par perfeito, óbvio! (Grifo meu - Giselle)

Vamos fazer ou frequentar?

Por Giselle Lourenço

Certo dia, ouvi uma pessoa falando que houve um tempo em que ela fazia academia. Fiquei comigo a pensar: “será que antes de exercer sua função atual no trabalho, ela trabalhava com obras de construção civil?”. Imediatamente me dei conta que esse termo é usado por grande parte das pessoas, ao menos na região onde eu vivo, quando as mesmas querem se referir ao hábito de freqüentar aulas numa academia de ginástica.

O fato é que não se faz academia e sim se freqüenta a academia, ou então posso ainda dizer que faço aulas na academia. Quem faz academia pode ser, no mínimo, um pedreiro na edificação do espaço físico ou um engenheiro na elaboração geral da obra.

No contexto, seria o mesmo que dizer “fazer sala” - o que significa, metaforicamente, “fazer companhia a uma visita”. Mas há ainda um diferencial aqui – o termo “fazer sala” é tradicional nos colóquios da língua portuguesa e digamos que poderia até ser empregado numa ou noutra redação, numa obra literária, pois sabemos que fazer sala não significa, necessariamente, construir uma sala e sim permanecer como anfitrião para alguém. Já o termo “fazer academia” parece que ainda não flui bem no contexto, seja na linguagem escrita ou, até mesmo, na verbalizada.

E você? O que pensa? Pretende freqüentar a academia ou faz aulas em alguma?

Resumo:
Academia = objeto concreto que só pode ser feito no sentido de edificado, construído fisicamente.
Aula = objeto abstrato, não palpável, que pode ser feita no sentido de freqüência, de participação no campo das idéias ou da produção intelectual, mas não pode ser construída como um prédio como a academia, por exemplo.