sábado, 13 de novembro de 2010

Ciranda de Poesia de Encerramento de 2010

Segue o convite da Ciranda de Poesia de novembro, dia 24 às 19:30. Esta será a última Ciranda de Poesia do ano de 2010, onde os poetas e escritores estarão reunidos em uma grande festa de confraternização. Você é nosso convidado especial para brindar a poesia nesta linda noite! - Cia de Cultura Bola de Meia - Rua Porto Príncipe, 40, Vila rubi, São José dos Campos/ SP www.ciabolademeia.org.br

A Literatura Enquanto Arte

"Isto não é um cachimbo" - René Magritte (1928)

Hoje, quero falar da Literatura enquanto um objeto de arte, com propriedades estéticas.
Recorrentemente, se vê por aí uma tentativa de aplicar obras literárias para a apreensão de valores e resultados pedagógicos; certamente que a Literatura pode abarcar esses recursos, mas ela em si, é uma arte e enquanto tal, não possui uma finalidade pragmática e deve ser respeitada em sua inútil utilidade do belo.
Por exemplo, é desrespeitoso por parte de alguns professores, utlilizarem-se de clássicos literários apenas para deles retirarem elementos gramaticais ou ainda, elementos para a formação psico-pedagógica.
E na Literatura enquanto arte, devemos deixar vir à tona a questão: o que qualifica uma obra como sendo arte? A concepção de arte de quem a criou ou o vislumbre do expectador? Penso que seja uma via de mão dupla. O que qualifica a arte é a concepção criadora e a mente/coração que a aprecia. É tudo um único movimento. E o é ainda mais na Literatura. De forma que, a Literatura enquanto área do saber específica, não deve ser compreendida como um retrato fiel da realidade e sim um universo de possibilidades que muitas vezes não possuem conexão alguma com a realidade.
Tratar das possibilidades irreais, atemporais e sobrenaturais é o que faz com que a Literatura tenha o poder de recriar o mundo e não seja reduzida apenas a subsídios para que você retire do texto o sujeito, o predicado ou o objeto qualquer de seu encargo.
            As possibilidades de imagens a partir de um texto e a possibilidade de sentido a partir de imagens é o que podemos denominar de signos. E é sobre essa “traição” das imagens que René Magritte quer falar na pintura “Isto não é um cachimbo”(1928). E note que até mesmo para falar em negação da imagem ou do que ela representa, estamos na dependência do conceito de percepção do outro, logo, a arte é uma via de mão dupla. É piano à quatro mãos.

Giselle Lourenço