domingo, 12 de setembro de 2010

Doutorando alemão em visita ao Brasil

Johann Wendel é doutorando alemão e pesquisador na área de línguas e novas tecnologias em educação; também é coordenador do intercâmbio cultural entre adolescentes do projeto "Janelas Para o Mundo", projeto este que tem como proposta facilitar o acesso à informação, ampliar as possibilidades de comunicação e oportunizar aos estudantes envolvidos um intercâmbio cultural. Em sua visita recente ao Brasil, ele nos perguntou qual seria o significado da expressão "uai sô", que acabou encontrando em um texto de um dos alunos do Ponto de Cultura Bola de Meia em São José dos Campos.
Sem muito tempo pra recorrer a métodos, livros, etc, tentei dar uma breve explicação ao doutorando e foi isso que saiu:

"Uai, sô" é uma expressão que até mesmo para a língua portuguesa encontramos dificuldades para traduzir.

Uai - corresponderia à palavra "então" (no caso de a expressão aparecer no início de uma frase), e corresponderia à palavra "óbvio, claro" (no caso de a expressão aparecer no final de uma frase, ou de uma fala). No inglês, corresponderia a "so, by the way" no início de uma frase, o no final da frase, corresponderia a "of course, that´s great".

Sô - tem origem no pronome de tratamento "senhor", tendo sido usado como uma forma contrata para esta palavra.

Então, se a expressão "uai, sô" aparece no início de uma frase, ela significa - "então, pessoa" / "a propósito, pessoa", e se essa mesma expressão estiver no final da frase, ela significa - "você não concorda?" / "não é claro pra você" / "mas é óbvio!"

Vale dizer que na literatura portuguesa, mais especificamente na brasileira, quando essa expressão aparece em poemas, redações, contos, etc, ela quer remeter o leitor à uma realidade de pessoas extremamente caipiras, pessoas da roça, pessoas muito simples com jeito de falar mais simples ainda, pois essa expressão não retrata uma região, retrata a simplicidade de uma conversa, retrata o dialeto de pessoas mais rudes. A região de onde a expressão é originada é Minas Gerais, mas não retrara o dialeto mineiro, pois em muitos lugares de Minas Gerais, não mais se fala essa expressão. E não faz parte da estrutura formal do idioma; irá aparecer mais vezes em contos, mais frequentemente, contos que relatam conversas de pessoas que conversam no campo, na roça, histórias ambientadas pitorescamente em ares caipiras, no melhor dos sentidos.

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