segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Laudato Si, por Giselle Lourenço


Esta semana, o Papa Francisco faz aniversário. Estou concluindo a leitura de sua carta "Laudato Si" e, por ocasião de seu aniversário, colocarei no ar em meu canal literário um vídeo a respeito de minhas impressões sobre a Encíclica. Impactou-me de modo especial. Ele destina o documento a todos os homens de boa vontade e não só a cristãos. Mas, em minha humilde conclusão, seria importantíssimo se a maioria dos cristãos lessem. Na carta, ele nos adverte dizendo que, ainda neste século, presenciaremos conflitos mundiais pela escassez de água da maneira que temos presenciado os conflitos pela questão petrolífera. E também lamenta o fato de que muitos ainda insistem em não acreditar em uma questão tão séria. Dizem que o demônio age com mais liberdade quando não se acredita nele, né? Deixo vocês, nesse início de semana, com um trecho da belíssima oração de São Francisco:

Louvado sejas meu Senhor,
pela irmã Água,
que é mui útil e humilde
e preciosa e casta





domingo, 13 de dezembro de 2015

Cora Coralina, Raízes de Aninha

Começando a semana com uma dica especial de presente de Natal. Aqui, apresento a obra "Cora Coralina, Raízes de Aninha" - que é uma biografia de Cora Coralina que considero um divisor de águas na literatura entre as biografias já produzidas.  -   Por Giselle Lourenço


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

SCHOPENHAUER: A arte de escrever

O que há em comum entre Arthur Schopenhauer, Padre Antônio Vieira, Ítalo Calvino e Fernando Sabino? É o que vocês descobrirão ao assistir esta análise de Giselle Lourenço sobre a obra "A arte de escrever" de Schopenhauer. 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Discurso de Giselle Lourenço sobre o "Dia do Vizinho", instituído por Cora Coralina

Discurso sobre o Dia do Vizinho, pronunciado no dia 20 de agosto de 2015 por ocasião da comemoração do aniversário natalício de Cora Coralina no encontro literário “O Poder da Palavras” em São José dos Campos, a convite da biógrafa de Cora e escritora Rita Elisa Seda.


Vizinho: palavra de origem latina (vicinus). Significa "aquele que é da mesma aldeia". Aldeia, por sua vez, significa "um loteamento de pequenas proporções".
Avizinhar-se então, poderia ser entendido como relação com aquilo que está perto. Foi assim que viveu seus dias sobre a terra a Dona Cora Coralina. Mulher que soube estabelecer uma relação com tudo que lhe rodeava:
Na vertical, sob seus pés, o mais próximo era a terra. Seu chão de terra, como ela falava. Uma vez percebido seus pés próximos ao chão, nunca mais deixou de reconhecer que a força e o sustento lhe vinham da terra. Foi uma cultivadora de terras, entre sementes, entre flores, entre frutos... No milharal de sua gleba, a expressão máxima de seu cuidado. Portanto, mulher vizinha da terra.
Na horizontal, percebeu que nenhum de nós é sozinho no mundo. Aprendeu, desde muito cedo, que a relação com o outro é o que nos dá uma ideia de nós mesmos e que é no trato diário com as pessoas que retiramos da vida o sumo bem. Entre amigos, construiu sua fortaleza de pedra. Portanto, mulher vizinha dos homens.
Mas há uma vizinhança em Cora Coralina que precisa ser compreendida para além da rua, para além do bairro, para além do prédio...
No tarde da vida - expressão dela própria - suas portas estavam abertas para o Brasil e para o mundo. Na mocidade, estava acessível a quem dela quisesse se aproximar, dado o teor de suas crônicas e a profundidade de suas exortações, pois só fala de coisas profundas quem não tem medo da intimidade.
Intimidade é algo que, hoje, está em desuso. Intimidade exige compromisso, exige cuidado. Não temos tempo para cuidar. Cada um por si; deus, se ainda não morreu na contemporaneidade, talvez não seja por todos. E assim seguimos, ignorantes do significado de "vizinho".
Avizinhar-se é para quem tem disposição, para quem tem vitalidade na alma. A mesma vitalidade que pulsava no coração da Mulher-Monumento de Goiás, que avizinhou-se do Brasil e que hoje, tendo deixado tão estimada herança em suas obras, nos ensina e nos inspira a uma vida mais vizinha.
Diziam os que conheceram Cora que ela mantinha zelo e cuidado pelas fontes e nascentes. Dizia que era necessário cuidar da fonte. Sabedoria ambiental e humana! Cuidar do vizinho é cuidar da fonte. A célula que manterá nossas relações e propulsionará a fraternidade universal começa em nosso raio de visão e de ação. Cuidando do vizinho, que é a luz da rua, cuidamos da fonte de energia que propagará o amor em nossos dias e para as gerações futuras.
Em sua mensagem, Cora dizia que a sua geração não a compreenderia... Portões trancados, correntes, cadeados, muros. É uma convenção trancar-se, e às vezes necessário também, pois desacostumamos do cuidado. Se alguém se abre, se doa, inspira outros à doação, dificilmente é compreendido. Eu receio que não somente a geração da poetisa não a compreendeu, mas também nós, ainda hoje, somos resistentes e ignorantes de muitas de suas mensagens. Estamos num processo. Aqui, nesta geração – a minha geração - começa um desvelar de Cora, recebendo sua mensagem com inquietações; mas ainda há muito a ser contemplado e um véu a ser rasgado sobre a grandiosa espiritualidade que abarca sua poesia viva e escatológica.
Faço votos de que, ao menos, o esforço da proximidade e da vizinhança seja, por nós, melhor considerado e que Cora, com seu arsenal de bons amigos, nos ajude a cultivar os nossos.
Encerro com um trecho/pergunta de sua autoria quando da apresentação do Dia do Vizinho em Andradina (1968), para que os brasileiros de meu tempo, tão carentes de vizinhança (e eu me incluo nisso), em um momento de incertezas e desencontros no qual vivemos, possam enxergar nos versos coralineanos algumas luzes para o cultivo de nossas fontes mais naturais:


"Por que nos fechamos tão hermeticamente na nossa rudeza individual se a vida nos põe sempre juntos em encontros frequentes e cotidianos e se temos tanto para dar de nós e tanto para receber dos outros?..."



Giselle Lourenço

* Cora Coralina propôs que fosse criado o "Dia do Vizinho" quando viveu em Andradina. A data sugerida foi a mesma de seu aniversário natalício (20 de agosto). Em 1968, quando Cora já havia voltado para Goiás, com o aval do prefeito, patrocinou  a publicação da "Apresentação do Dia do Vizinho" em panfletos que atestavam a adesão à causa. Esta data ficara marcada na memória dos andradinenses. 

Fonte: Cora Coralina, Raízes de Aninha. Ideias e Letras, 3ª ed., 2011

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Análise do conto "Negrinha", de Monteiro Lobato - Por Giselle Lourenço

O conto "Negrinha" foi produzido na década de 20 e é considerado o maior e mais dramático conto escrito por Monteiro Lobato. Revela uma fase que contradiz alguns rumores de que o autor teria sido racista e flertado com a eugenia em algum período de sua vida. Há, no conto, elementos marcantes que funcionam como uma espécie de grito para denunciar a mentalidade de um Brasil pós-colonial ainda com um forte resquício de relações perpassadas pelo racismo. Se por um lado, a obra "Caçadas de Pedrinho" foi considerada como apologética à uma possível perpetuação de pensamento racista, por outro, "Negrinha" demonstra este contraponto, o que leva muitos estudiosos e especialistas na literatura lobateana a investigarem cada vez mais todo esse mistério que envolve o pensamento e as produções do intelectual Monteiro Lobato. A mediadora/autora desta resenha possui algumas pesquisas e uma opinião "quase formada" a respeito dessas questões, mas deverá fazer esse tipo de abordagem num futuro um pouco mais distante. Há muito que ser desvelado, meditado e estudado com suor e paixão típicos de um amante da literatura e de um crítico literário.