sábado, 11 de dezembro de 2010

Desvendando o enigma da Vírgula!




No meio do caminho, havia uma vírgula. Havia uma vírgula no meio do caminho.

Por acaso você notou que, na primeira oração, há uma vírgula e na segunda, não há?
Por que isso acontece? Qual é, afinal, o enigma da vírgula? Quando usá-la ou não? Que regras são essas?
Pois bem, regras são muitas, mas aqui não trataremos das regras, trataremos da única regra que te fará usar a vírgula corretamente.
Você lembra que há alguns elementos numa frase, que em alguma época remota, aprendemos na escola? Lembra do sujeito, predicado, conjunção, advérbio, blá, blá, blá?
Será extremamente importante que você saiba identificar esses elementos para apreender a regra de ouro sobre a vírgula, ok? Só não será possível revisá-los nesse artigo... pena!

Vamos lá! Imagine que exista um padrão de frase, uma ordem a ser seguida. Observe a frase:

“A mídia noticia um ato violento ocorrido na escola vez por outra.”[‡]

Nesta frase, primeiro, fala-se do sujeito (a mídia), depois, o verbo transitivo (noticia), depois o objeto (um ato violento), depois, uma circunstância de lugar (ocorrido na escola) e por último, uma circunstância de tempo (vez por outra). Esta seria a ordem, seria o padrão. Qualquer adequação da frase que altere essa ordem pediria uma vírgula. Vamos ver um exemplo:

“Vez por outra, a mídia noticia um ato violento ocorrido na escola.”

Note que a circunstância de tempo saiu de seu lugar “padrão”, que seria o final da frase. Em primeiro lugar, falamos do sujeito e das ações desse sujeito, e por último, devem vir as circunstâncias de tempo, lugar, adversidade, em que as coisas acontecem. Seguindo essa ordem, não teremos vírgulas nas frases. Mudando os lugares desses elementos, teremos que colocar a vírgula.

E agora? Descobriu por que, nas duas primeiras frases desse artigo, existe diferença com relação à vírgula?

Claro que, aplicaremos a vírgula, também, quando tivermos repetições de idéias, que é o caso de:

“Nossos jovens não apreendem o sentido de estudar, educar-se, evoluir...”[§], ou então:

“Eu gosto muito de escrever, ouvir música, ler, dançar e assistir filmes.”

E também teremos vírgula quando ditamos algo que seria como um parêntese explicativo na frase e que sem ele, a frase ainda sim, teria algum sentido. É o caso do exemplo a seguir:

“O MEC pretende que estados e municípios possam utilizar os resultados desses exames, que terão adesão voluntária, para selecionar professores.”

O fragmento “que terão adesão voluntária”, na frase original, está separado por ( - ), mas que poderia também, estar separado por um parêntese e, se retirado da frase, ela continuaria inteligível para o leitor.

Bom, o universo da vírgula, realmente, é vasto, cheio de pormenores. E muitos, ainda, fazem confusão de quando aplicar o uso da vírgula ou do ponto e vírgula. Certamente que, o exercício constante de ler pode clarear essa adequação no uso da pontuação. Mas espero ter dado uma dica prática de uso da vírgula, pois grande é o número de pessoas que, ainda, não a aplicam corretamente, mesmo tendo uma riqueza de expressões, vocabulário vasto e escrita polida.

Até breve, amigos!


[‡] Retirado do artigo do Prof. Dr. Chico Viana (Doutor em Teoria da Literatura pela UFRJ) publicado na revista “Conhecimento Prático / Língua Portuguesa” nº 26, intitulado Violência na escola
[§] Idem