sábado, 8 de agosto de 2015

Minha homenagem tarda mas chega...

Aproxima-se o "Dia dos Pais"... É uma data bonita, apesar de eu ser daquelas pessoas chatas que atribui datas assim apenas à felicidade dos comerciantes e de um brinde ao consumo que nos puxa a todos nós para o fundo de um poço sem que percebamos. Mas, ok, não vou vender miçangas na praia, apesar de ser de humanas. Voltemos aos pais. Saúdo o meu também. Mas aproveito o momento para falar da paternidade adotada por vias não burocráticas. Se quiser entender como paternidade espiritual também, fique à vontade. O fato é que eu não sei se todos são tão sortudos como eu. Eu pedi à vida que me concedesse o dom de enxergar qualquer ser humano que de mim se aproximasse como oferta de cuidado, ensinamento e valores. Tenho percebido que várias pessoas, no decorrer de minha história, fizeram parte de minha vida só pra isso. Agradeço por perceber... Ainda hoje, tenho encontros "gloriosos" com pessoas que, em tese, nem olhariam pra mim pela diferença de significância. Mas ainda sim, tenho feito amizades e afetos inimagináveis. Alguns, eu também chamaria de pais. E não precisam, necessariamente, ser com "idade de meu pai". Se você olhar bem ao redor, vai perceber quantas vezes alguém foi pai pra você independente de idade. 

Faço uma homenagem póstuma. Vasculhando meu baú de papeis e de memórias, encontro algumas cartas do Irmão Costa - um irmão jesuíta que muito colaborou para meu crescimento humano. Trocamos correspondências por um período considerável de tempo. Não imagino onde tenham ido parar as cartas que lhe enviei. Ele, agora, não precisa mais de cartas ou palavras para comunicar sentimentos. Até hoje, não sei se seu corpo encontra-se sepultado na cripta da capela da Ressurreição em Vila Kostka ou se está em Belo Horizonte. Mas enquanto em vida, sua graça e sua alegria rechearam meus dias de uma paternidade amiga. Ser pai pode ser isso também: dar atenção e oferecer amizade estando longe ou perto. Fica aqui registrada homenagem e saudade do querido Irmão Costinha, o jesuíta mais amável que conheci - e olha que conheci muitos.
A todos os pais e filhos, um bom dia dos pais e aos comerciantes, que as vendas não cresçam tanto, pois um país que atravessa uma crise como a nossa continuar se entregando a um desejo primário de consumo desenfreado chega a ser falta de caráter mesmo... Vamos escrever cartas de presente, que tal?

Giselle Lourenço



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