Consta nas análises de estudiosos e teóricos que, a dualidade formativa,
ou seja, a bivalência abordada nos processos de educação humanos (a educação
erudita e a educação para o fazer; a educação para a classe nobre como a
educação intelectual e bélica e a educação para os plebeus para a produção de
coisas úteis) que começa no mundo antigo, permanece até a revolução do
cristianismo.
Despretensiosamente, eu já não concordaria com isso. Arriscaria dizer que
o processo educacional ainda se adapta aos moldes do mundo antigo e alguns
manipuladores da história nos fazem crer que passamos por um processo louvável
de revolução e evolução.
A educação para o fazer ainda perdura nos dias de hoje. Basta olhar para
os moldes e parâmetros educacionais que vigoram no sistema atual. Tudo muito
velado, é verdade, mas totalmente dicotômico.
Ainda temos um sistema de ensino voltado para a performance tecnicista e
tudo aquilo que for conivente com a lógica utilitária. Holgonsi Soares
Gonçalves Siqueira, Doutor e Mestre em Educação e Especialista em Filosofia Contemporânea
e também líder de um grupo de pesquisas do CNPq intitulado “Globalização e
Cidadania em perspectiva interdisciplinar”, diz em seu ensaio sobre A
Performance Sob Uma Lógica Tecnicista:
Neste
sentido, a ciência passa a ser uma força de produção, estando associada mais ao
desejo de enriquecimento do que o de "saber". Como resultado, o
investimento em pesquisa é voltado para aquelas áreas que dão lucro, ou seja,
prioridade aos estudos voltados para as "aplicações"; enquanto isto, "os setores de pesquisa que
não podem pleitear sua contribuição à otimização das performances do sistema,
são abandonados pelos fluxos de créditos e fadados à obsolescência" (Lyotard). Sob o viés do ensino,
questões políticas e socioculturais capazes de contribuir para a autonomia do
indivíduo, deixam de ter sentido, e os alunos, inclusive das Ciências Humanas,
preocupam-se apenas com a questão "onde vou aplicar isto?".[1]
Na Idade Antiga, a educação política era reservada a pequenas castas.
Hoje, continua assim. Você não vê na maioria das escolas uma carga horária
devidamente elaborada para as disciplinas de Filosofia e Sociologia, por
exemplo. Ensinar a pensar dá trabalho, e aprender a pensar pode ser perigoso.
Portanto, ainda dividimos as questões de ensino-aprendizagem sob o véu do
templo (vale dizer que teologicamente no contexto cristão, o véu se rasgou, ou
seja, nada mais divide a raça humana da aproximação com o Divino – Mateus 27,
50-51) que ainda não se rasgou na educação da sociedade neoliberal.
[1]
SIQUEIRA, Holgonsi S. G. A Performance
Sob Uma Lógica Tecnicista. Disponível em: http://www.algelfire.com/sk/holgolsi/performance.html.
Acesso: 30 abr. 2012
Como vc conseguiu associar a metáfora do véu à educação?! Tirei o chapéu :)
ResponderExcluirrs Bom, eu estava tentando achar um termo que representasse as coisas que temos veladas na sociedade e daí me veio o termo "tirar o véu" e em seguida a explicação teológica do véu sendo rasgado e associei automaticamente...rs
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