por Giselle Lourenço (sobre seu violino)
Ele sempre esteve lá: tranqüilo, sereno, vermelho, ora fosco, ora brilhante, mas sempre esteve lá. Presente em meus sonhos, parecia uma extensão do meu braço esquerdo. O seu som era a extensão do Paraíso, às vezes ecoava aveludado, às vezes enternecia minha mente, outras vezes, malandro e com vontade própria, estardalhava meus ouvidos e num furor que só os belos astros podem ter, me beliscava a face com sua voz mais aguda a aquebrantar-se – era a corda arrebentando.
Hoje, ele ainda está lá. O lá era o sonho que agora é o aqui. Pude tocá-lo após a maturidade, maturidade talvez apenas de não ter dedos tão flexíveis como poderia quando criança e maturidade de ter que me dividir entre ele e outros astros não tão atraentes, não tão vermelhos, não tão foscos, não tão aveludados e não tão fascinantes, mas astros necessários para girar na órbita do chão meu de cada dia...
Hoje, ele fica quieto, repousa sereno, mas não admite não ser olhado e nem tocado. É orgulhoso e imponente demais pra não brilhar. Ele quer ser tocado sempre, e eu quero tocá-lo eternamente.
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