segunda-feira, 21 de junho de 2010

Irmãos da Lua - Renato Teixeira


Fico a pensar como a música pode nos valer de subsídio para tantas coisas. Uma bela letra vale por uma boa oração, uma grande reflexão e por que não dizer, a boa letra é capaz de dinamizar uma maiêutica histórica na alma, o que nos pode trazer respostas inesperadas para situações desesperadas.
O cenário de compositores no Brasil hoje, é uma penumbra. Temos muitos talentos, muitos escritores sagrados – aprendi em Teologia que o escritor sagrado é aquele que empresta sua mão para promover uma parceria com o divino. A composição é feita em dupla, criador e criatura no mesmo compasso, com as rédeas da caneta na mão, um respeitando o outro, e ninguém se sobrepondo a ninguém, cada qual com sua liberdade que lhe é própria, expressando humanamente aquilo que se prefere acreditar, porque traduz o conteúdo que é capaz de libertar a alma da prisão da não expressão. Os gritos ecoam num dueto, na grafia, entrelinhas testamentárias, sejam novos, sejam velhos, mas sempre sendo par.
E desses cantos do Brasil, surgem encantos de cantar. O escritor sagrado está em vários lugares. Mas é preciso olhar de cego que vê além. É preciso garimpar. A mídia de massa não nos mostra o que é a letra bela. Vale a rima que afunda, vale tudo se o assunto é bunda. E por osmose se aprende o que nada se fala. Não tem história, não tem cor, não tem versos e sobra barulho. Falta espaço, falta poeta, falta vazio pra música boa preencher. Tudo preenchido de nada adquirido. Barulho, barulho, barulho... Ninguém ouve os autores sagrados que temos na nossa terra... nossa terra, a mesma que tem palmeiras, que ninguém sabe onde foram parar. A mesma que tem sabiá, que do canto ninguém conhece o som.
Vou garimpando, te convido a vir comigo. Vez ou outra, encontramos um sagrado autor querido.
E aqui, segue uma letra, que podemos sim rezar. Se não reza, apenas ouça, leia, brinque, veja como vale à pena garimpar.
Empresto-te minha peneira. Peneirando vamos, ouro puro! Jóia rara, esse cara, Renato Teixeira, é ele que agora vai falar.

Música: Irmãos da Lua
Compositor: Renato Teixeira
Intérprete: Renato Teixeira

Texto: Giselle Lourenço


Somos todos irmãos da lua
Moramos na mesma rua
Bebemos do mesmo copo
A mesma bebida crua
O caminho já não é novo
Com ele é que passa o povo
Farinha do mesmo saco
Galinha do mesmo ovo
Mas nada é melhor, que a água
E a terra é a mãe de todos
O ar é que toca o homem
E o homem maneja o fogo
E o homem possui a fala
E a fala edifica o canto
E o canto repousa a alma
Pra alma depende a calma
E a calma é irmã do simples
E o simples resolve tudo
Mas tudo na vida às vezes
Consiste em não se ver nada


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