É muito lamentável o ponto onde chegamos...
Assistindo a um documentário sobre hábitos alimentares modernos e sua relação com as doenças, fiquei muito triste... Parece irreversível, pois parece que as pessoas realmente não se importam! Fiquei chocada ao saber de uma cozinheira da rede estadual que a única coisa que se cozinha na escola é o arroz. Como vem o restante? Enlatado! O feijão? Enlatado! A carne? Enlatada! Os "legumes"? Enlatados! Não temos dó de nossos filhos? Vocês acham que o culpado é o Estado? Nós temos o maior poder concentrado em nossas mãos: o poder de consumir! E somos nós que escolhemos o pior para o consumo, nós é que patrocinamos essa cultura de morte alimentícia!
Nas escolas, o buraco é mais embaixo: uma caixinha de suco é uma moeda bem mais valiosa que uma fruta, uma banana, por exemplo. E nenhuma criança quer sentir-se inferiorizada economicamente, tem vergonha de ter frutas no lanche. Existe uma hierarquia de valores, você vale o que tem desde a escola. Se você tem Doritos e suco de caixinha Del Valle, você é melhor que aquele que leva uma banana e uma maçã. Há casos de crianças que não tem alternativas, ou por conta da situação econômica mesmo ou porque tem prescrições médicas sobre alimentação. Resultado: trancam-se no banheiro para comer aquilo que precisam e não serem alvos de deboche dos colegas. Vivemos em um mundo onde as crianças aprendem que comer fruta é vergonhoso! E todo esse discurso de pais cuidadosos, olhar mais complacente para a infância e o desenvolvimento do ser? Tudo balela se não olharmos com cuidado para o que nossas crianças comem! Os professores de biologia vivem o eterno dilema: como podem explorar a questão dos alimentos em sala de aula e suas propriedades nutritivas se ao saírem da sala de aula, as crianças não podem adquirir esses alimentos na cantina da escola, porque na cantina só tem: salgadinho, Bis, Nutella, Rufflles... Que complacência e espiritualidade estamos tendo para olhar para a criança? Eu lhes respondo: NENHUMA! Os cientistas falam muito sobre a obesidade infantil e que de 5 crianças obesas, 4 continuarão obesos quando adultos. Eu nem me detenho na questão da obesidade... O peso pra mim, fica em segundo plano quando penso em outras implicações de saúde corporal e até bucal. Porque há aqueles que não têm sobrepeso mas que, ainda sim, apresentam problemas alarmantes de saúde, principalmente, nas dosagens químicas do sangue, como colesterol, triglicerídeos e glicose.
O que acontece conosco? Não fazemos mais refeições juntos. Não cozinhamos a própria comida... Tem que ser tudo fast... Porque temos que ter comida rápida. Mas comer é um ato de amor, de socialização... Não temos que comer rápido... Ah, sim, as mães não têm tempo de cozinhar porque estão ocupadas em seus trabalhos... E aí você confia a saúde de seu filho em um pacote de Dorytos? Parabéns! Ter um filho não é só jogar ele pra fora... O cuidado na primeira infância é apenas o começo... Eu não sou a melhor mãe, não sou o exemplo impecável e nada disso. Mas tento melhorar tudo que posso para o bem daquele ser com quem me comprometi pelo resto da vida a partir do momento em que permiti que ela habitasse minhas entranhas... E não vou parar o serviço no meio do caminho... Por aqui, nem ligo do que falam sobre meu modo de maternar! Sou chata mesmo! Não deixo comer mesmo! Não tenho em casa mesmo! Estimulo o melhor que posso no quesito alimentação. Às vezes, as pessoas não entendem e se escandalizam... Mas esse é um cuidado que não é compreendido justamente porque invertemos os valores. Você é uma mãe legal se você deixa seu filho comer de tudo sem frescura; se você regula a alimentação pensando no melhor para ele, você é fresca, neurótica e tudo o mais que te rotulam. Não, queridos... Nisso, eu sei quem sou e sei cuidar da minha família! Torço para que os outros enxerguem a inversão em que vivemos e que quando enxergarem, não seja tarde...
Convido vocês, mamães, papais, filhos, a cozinharem mais vezes em casa, fazerem pratos caseiros juntos. E vejam que nem falo de cardápios naturebas! Falo apenas de uma alimentação consciente... Nada de tudo pronto ou enlatado... Cozinhar é uma arte, talvez, a mais bela de todas, porque é a que dá sustento para as outras artes. Desnutrido, nenhum artista será criativo. Tenho amigos que adoram esses lanches dessas franquias que nem gosto de escrever o nome.. desses que vêm com hambúrguer, batata frita, brinquedo, refrigerante...Com respeito aos que adoram, manifesto minha verdadeira repulsa por tudo isso! Aqui não tem essa de levar para comer e ganhar brinquedinho... Não acho bonito, desculpem... Da mesma forma que alguns pais estão preocupados com a exposição infantil à publicidade, devemos nos preocupar com os traficantes de fast foods! Um verdadeiro vício pavoroso de nossos tempos! Vamos reunir as famílias em volta da mesa de casa! Vamos procurar alternativas que nos proporcionam uma melhor qualidade daquilo que ingerimos. Você é o que você come! Não queira ser apenas dois hambúrgueres, alface, queijo e molho especial! Seja um viçoso doce de figo feito no tacho, um empadão de frango caipira com folhas frescas e temperos naturais! Vamos enaltecer o processo alimentar selecionando com mais inteligência nosso alimento. E não me venha com papo de alimento pra alma aos domingos se você não cuida do corpo que te foi dado!
Cuidar da alma e jogar o corpo fora? Ora, até Cristo quis o corpo dele de volta...
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