Cantor e compositor, Alessandro Zamah é, hoje, um dos expoentes da MPB no Vale do Paraíba. Estou longe de ser crítica de música, mas posso falar de suas letras; suas composições são verdadeiras obras-primas. Mas ainda, dentro do universo musical, ouso dizer que seu trabalho seria digno de tomar proporções além da regionalidade.
Contudo, deterei-me nas considerações lingüísticas de suas composições – objetivo dessa matéria.
Li, certa vez, que pelo fato de poemas e letras musicais pertencerem a universos distintos, quem faz um não sabe fazer o outro. Essa afirmação pode até servir para a maioria, mas não me parece ser o caso do cantor e compositor Zamah. Quem compõe a letra musical precisa considerar aspectos que o poema ignora como ascendência ou descendência de melodia, pausas, etc. e por esse motivo, às vezes, a letra pode sofrer algum empobrecimento poético. Já o poema é autossuficiente, não precisa recorrer a nada. Mas nas letras de Zamah, me parece que o encontro de poema e letra foi glorioso.
Ainda preciso considerar a ausência de “virundum”[i] – que apesar de ser uma interessante brincadeira lingüística, faz com que sua ausência nos permita ressaltar a integridade sonora de voz e instrumentos que são ouvidos. No caso de Zamah, é possível compreender totalmente cada palavra cantada, entoada, declamada.
E é considerando esse raro talento em compor, ao mesmo tempo, músicas e poesias, que resolvi destacar o processo de criação do compositor. O cantor e compositor Zamah, gentilmente, respondeu a algumas perguntas para o blog do Bacia Literária e você poderá conferi-las agora:
Zamah – No meu caso dificilmente as duas coisas podem fluir juntas, a melodia vem sempre em primeiro lugar como acontece com a maioria dos compositores, e quando ela surge já dá pra sentir o que a música quer.
Bacia Literária – Há algum ícone na música ou na poesia que inspirou suas composições? Algum “mestre” em especial?
Zamah – Seria uma injustiça da minha parte citar um nome. Minhas influências são inúmeras tanto na poesia quanto na música de norte a sul do Brasil. Minha maneira de compôr segue a estrutura de três movimentos, muito presente no cancioneiro popular, tipico do chorinho.
Bacia Literária – “Tingindo a sala de som”, “formei uma imagem na emoção”, “o silêncio agora entoa”... Essas figuras e metáforas que você usa, de onde surgem? O que colabora com sua criatividade?
Bacia Literária – Suas letras traduzem uma identidade. Retratam, na maioria das vezes, exaltação da natureza, simplicidade de vida e evolução de espírito. Essa identidade é a mesma do compositor? Há uma simbiose entre quem está retratado nas letras e quem é Zamah?
Zamah – Sim, como não haveria de ser? Está no coração, na alma,e que reflete diretamente nas atitudes. Acredito o que artista num modo geral tem uma responsabilidade ainda maior em estar em verdade com o que mostra em sua arte.
Zamah
Bacia Literária – Zamah, suas canções parecem ter uma integração natural entre o que está sendo dito e o modo de dizer. Todo o enunciado parece já vir com a melodia e toda a melodia parece já vir com a letra. Como se dá seu processo de criação? Com o que você preocupa-se num primeiro momento? Música ou poesia? Há a possibilidade de os dois fluírem, realmente juntos?
Zamah – No meu caso dificilmente as duas coisas podem fluir juntas, a melodia vem sempre em primeiro lugar como acontece com a maioria dos compositores, e quando ela surge já dá pra sentir o que a música quer.
Bacia Literária – Há algum ícone na música ou na poesia que inspirou suas composições? Algum “mestre” em especial?
Zamah – Seria uma injustiça da minha parte citar um nome. Minhas influências são inúmeras tanto na poesia quanto na música de norte a sul do Brasil. Minha maneira de compôr segue a estrutura de três movimentos, muito presente no cancioneiro popular, tipico do chorinho.
Bacia Literária – “Tingindo a sala de som”, “formei uma imagem na emoção”, “o silêncio agora entoa”... Essas figuras e metáforas que você usa, de onde surgem? O que colabora com sua criatividade?
Zamah –
Tingindo a sala de som fala do resultado do processo da composição; já em relação à letra “Pintou Saudade”, “formar uma imagem” traz a lembrança viva da pessoa amada no imaginário do eu lírico criativo; estas metáforas surgem de inspirações motivadas por momentos, pessoas e lugares...
Agora Sou fala de término de relacionamento e inicio de uma nova fase da vida, de ressignificações...
Tingindo a sala de som fala do resultado do processo da composição; já em relação à letra “Pintou Saudade”, “formar uma imagem” traz a lembrança viva da pessoa amada no imaginário do eu lírico criativo; estas metáforas surgem de inspirações motivadas por momentos, pessoas e lugares...
Agora Sou fala de término de relacionamento e inicio de uma nova fase da vida, de ressignificações...
Bacia Literária – Suas letras traduzem uma identidade. Retratam, na maioria das vezes, exaltação da natureza, simplicidade de vida e evolução de espírito. Essa identidade é a mesma do compositor? Há uma simbiose entre quem está retratado nas letras e quem é Zamah?
Zamah – Sim, como não haveria de ser? Está no coração, na alma,e que reflete diretamente nas atitudes. Acredito o que artista num modo geral tem uma responsabilidade ainda maior em estar em verdade com o que mostra em sua arte.
Bacia Literária – A música “Coração de Plástico” é quase um grito, um a nos coloca numa pelo à sociedade atual. Conte-nos sobre sua motivação ao compor essa belíssima letra.
Zamah – "Coração de plástico" se enquadra bem ao momento atual de nossa sociedade que vive nos grandes centros urbanos. Cada um por si, o "ter maior do que ser". A frieza, o medo tomou conta e nos coloca numa condição ainda maior de isolamento.
Zamah
(Cantor e Compositor)
Abaixo, você poderá ouvir uma de suas belas canções: "Musicando". Seu CD, recentemente lançado, intitulado “Caçador de Cachoeira”, encontra-se à venda em seu site www.zamah.com.br. [i] Virundum é uma espécie de traição do sentido da audição e teve sua inauguração com o Hino Nacional, onde “Ouviram do Ipiranga” tornou-se “virundum”. Outros exemplos de virundum: “Eu perguntava do you wanna dance?” tornou-se “Eu perguntava tudo em holandês” / “Tocando B.B.King sem parar” tornou-se “trocando de biquíni sem parar”, entre muitos outros exemplos conhecidos popularmente.
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