Hoje, acordei pensando no personagem Capitão Vitorino. Por que será? É uma mistura de Dom Quixote e Sancho Pança, justiceiro e, por vezes, ingênuo. Mas ele lutava contra todas as forças das quais o autoritarismo brotava: enfrentava o governo corrupto e também enfrentava o heroísmo hobinwoodiano dos cangaceiros. Ambas as forças usavam de tirania. Vitorino esbravejou contra qualquer potência que se valia do poder para oprimir e doutrinar. Enxergava o todo e a falácia das partes. Apanhou dos dois lados também. O que será de alguém que denuncia as mazelas políticas de todos os lados? Vitorino ganhou minha admiração por um tempo, até eu perceber que também ele aspirava ao poder político e que só por isso desvelava as armadilhas políticas e ideológicas de seus adversários. Perguntei-me então: onde estará um Vitorino que denuncie sem segundas intenções? Onde estará o justiceiro que desvele a tirania disfarçada de boa intenção por puro e simples princípio e amor ao conhecimento? Será que ele existe? Se eu sentar e esperar por ele, estarei como a maioria que espera um salvador da pátria ou um Dom Sebastião que banirá toda a maquinação política e toda a corrupção. Dom Sebastião não virá... O messias perdeu o trem. Apenas eu terei que dar conta de olhar o todo e enxergar as mazelas das partes. Mas como diria Edgar Morin, é essencial olhar o todo...
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